Sua saúde

O risco escondido na automedicação

3ª Semana do Uso Racional de Medicamentos desenvolve ações e presta serviços para informar a população sobre cuidados que devem ser tomados

Carlos Queiroz -

Medicamentos para dor muscular, analgésicos, antigripais, xaropes e anticoncepcionais estão entre os mais vendidos nas farmácias de Pelotas. Remédios que podem ser adquiridos sem receita médica. Quem nunca comprou algo assim? Há, no entanto, quem compre muito e, mesmo que não admita, grande número de pessoas costuma adquirir produtos por indicação de conhecidos. Mas o que parece inofensivo, pode se tornar agressivo. Para alertar sobre o uso racional de medicamentos o curso de Farmácia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), juntamente com o Conselho Federal de Farmácia do Rio Grande do Sul, promove a 3ª Semana do Uso Racional de Medicamentos, que se encerra nesta terça-feira (9).

Pare de se automedicar é o tema da campanha e o slogan, Medicação - Uso racional é legal. Segundo a gerente e farmacêutica da Extractus, Andreia Correia Rodrigues, muitas vezes as pessoas não utilizam corretamente um medicamento e não têm o benefício esperado, mas preocupa também a automedicação, que pode causar dano. Há muita carência de informação por parte da população. Ações como as da semana abrangem número muito grande de pessoas que não iriam procurar testes como os disponibilizados (medição de pressão arterial, glicose e acuidade visual). Até o fim de semana haviam sido prestados 1,5 mil atendimentos.

O professor José Mário Barrichello, do curso de Farmácia da UCPel, ressalta que toda a farmácia tem farmacêutico e muitas vezes os clientes esquecem que podem se valer de seus serviços para receber orientações. Destaca ainda que tem quem tome remédios receitados por um médico e também de um segundo, que resolveu consultar para saber o parecer. A mistura sem comunicação pode ser desastrosa.

De acordo com o médico cardiologista Michel Hallal, a automedicação continua elevada. Antigamente, quando não era controlado, o antibiótico era ingerido indiscriminadamente, hoje em dia só é vendido com receita em duas vias, o que viabilizou o controle. O grande problema atualmente se refere aos anti-inflamatórios, que podem causar problemas renais e hepáticos.

Afora isso, vê a interação medicamentosa como outra grande preocupação. Não raramente os vendedores de farmácias indicam, o que também não é correto, acentua Hallal. Ainda segundo o profissional, o uso de ansiolíticos está demasiado. Muitos jovens estão usando e há casos e casos. Quem precisa deve tomar, mas nem todos precisam. Ele observa ainda as intoxicações medicamentosas, que acontecem e pouco são faladas.
Na farmácia municipal os mais procurados são mesmo os ansiolíticos e os antidepressivos. O município não tem dados sobre intoxicação por remédios, pois não recebe notificações, informa a secretária de Saúde, Ana Costa. Levantamento do Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas (Sitox) datado de 2003 aponta que os medicamentos são responsáveis por 28% das intoxicações medicamentosas.

“Não compro nada sem receita”, afirma a cozinheira Edi Chaves Cunha, 60. A aposentada Helena Madeira, 78, garante que sempre fala com seu médico, porque sabe que não é tudo que pode tomar. O também aposentado Antônio José Sabará, 66, foi surpreendido no teste de medição de glicose. Deu um pouco alta e ele recebeu orientação sobre como proceder. Até então, disse só saber da hipertensão, pois já toma remédio.

Atividade desta terça
Local: Farmácia Panvel (rua Gonçalves Chaves, em frente à Galeteria Lobão)
Horário: 10h ao meio-dia e das 14h às 16h
Ações: orientação farmacêutica, revisão de polimedicação e recolhimento de medicamentos vencidos.

Dicas
- Armazene seus medicamentos em um local seco e longe de fontes de calor. Cozinhas e banheiros não são ambientes adequados.
- Não tome nenhum medicamento por conta própria ou indicação de outras pessoas.
- Caso o medicamento receitado provoque efeitos indesejados, informe imediatamente seu médico.
- Cuide sempre o prazo de validade, não tome medicamentos vencidos.
- Beba um copo de água durante a ingestão do remédio. Ingerir um comprimido a seco só leva à esofagite.
- Em caso de dúvida sobre medicamentos procure seu médico ou farmacêutico.

Setor em Pelotas
O setor farmacêutico é um dos que mais crescem em Pelotas. Segundo o presidente do Sindilojas, Gilmar Bazanella, fecha uma pequena e abrem-se outras bem maiores. Atualmente existem 256 farmácias em Pelotas.

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